quero ser a diferença // deambulando


É difícil estar sozinho neste mundo, não é? Quase que assustador.
A ansiedade tornou-se a tua melhor amiga.
O medo o teu parceiro.
Era bem mais fácil quando se observava tudo dos bastidores, não era?
Mesmo que fosse difícil para eles, nada era ainda a tua responsabilidade.
Independentemente do quão difícil fosse,
não havia nada que podesses fazer.
Egoistamente, isso acalmava-te.
E isso agora mudou.

Cresceste.
Contas, casamento, casa, água, luz, crianças, comida, roupa… tudo equivale a dinheiro.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro…
                                                 De repente só pensamos nisso.
Talvez antes pensavas mais no dinheiro para comprar um livro, ou para ir sair, ou para um almoço como os amigos. E agora? Agora fazer uma vida é a prioridade. É como é. É ser adulto. Bem-vindo à vida real. É isso que nos dizem, não é? Que eramos tolos se pensássemos que a boa vida seria para sempre. Se calhar, não pensávamos que a boa vida seria para sempre, mas também não tínhamos noção que para pertencer a este mundo iriamos ter de deixar de ser quem eramos para encaixar.
Aqui eu pergunto-me quando é que deixamos a nossa criança morrer? Acontece por acidente? Ou somos nós o seu assassino? Se calhar ainda está viva. Se calhar escondemo-la com o intuito de ser um bom adulto neste mundo.
Um mundo que é frio. Egoísta. Cruel. Onde os nossos sonhos, são isso mesmo: sonhos. Onde um sorriso pode significar mais que simples simpatia. Onde amigos podem virar inimigos. Onde a música, poesia e a arte já não tem lugar para nos fazer feliz da mesma maneira que nos fazia. Eu tenho apenas vinte e um anos, não sei muito sobre este mundo adulto ainda. Apenas tive uma prova ainda. É agridoce.
Notei que posso ser eu que não queira a mudança, que não queira crescer. Com medo de me tornar uma pessoa fria, egoísta e cruel como tantas que nos rodeiam. Se calhar é por isso que tenho tanto medo de crescer. Que tenho medo de pertencer a este mundo real, porque é um mundo tão frio e em vez de tentarmos fazer a mudança apenas aprendemos a aceitar que “a vida é assim”.

O que estou a tentar fazer, no entanto,
é não deixar a minha criança morrer,
e muito menos esconde-la.

Se alguma coisa, quero ser a diferença.

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